quinta-feira, 23 de abril de 2009

A adoção e Madonna


Madonna é a maior estrela pop das ultimas décadas. Uma mulher que atrai milhões de pessoas a suas apresentações e bate recordes de arrecadação em suas turnês. Um fenômeno pouca vezes antes visto.


Mas isso não é nenhuma novidade para o mundo.


Antes disso tudo, Madonna perdeu sua mãe ainda jovem e viu seu pai se casando pela segunda vez. A futura cantora e seu pai tiveram uma dura e conturbada relação. Teria alguma relação entre sua traumática infância e a adoção de uma criança Malauiana?
Estaria Madonna Louise Ciccone, ao dar uma segunda chance a David Banda e tentar uma segunda adoção, dando uma segunda chance a si mesma de curar suas cicatrizes, ou seria mais uma das artimanhas de marketing da popstar?


Analisando a questão do ponto de vista de que estaria ela tentando adquirir alguma vantagem com essa atitude, os pontos positivos seriam poucos a essa altura de sua carreira. Talvez se isso tivesse sido feito na década de 90, quando a cantora era vista como uma ninfomaníaca, e usasse de uma adoção para mudar sua imagem isso seria mais plausível. Mesmo associando sua imagem a de uma mulher sexy nos dias de hoje, trabalhos como “Ray of Light” e “Evita”, além de participações em eventos como o “Live Aid”, a maternidade e o casamento contribuíram para criar uma imagem menos agressiva. Se intenção era criar uma imagem socialmente responsável, adotar uma – ou duas – crianças seria um excesso, quando já existe o projeto “Raising Malawi” para ajudar as crianças. Além disso, amigos sempre elogiaram sua postura como mãe. Deste modo, por mais que analise toda a questão, não me é plausível aceitar que essa adoção seria uma estratégia de marketing.


“(...) meu único pensamento era abrir minha casa e dar um lar a uma criança que não tivesse oportunidades. Eu queria ir a um país de 3º mundo, não sabia qual, e queria dar uma vida melhor a uma criança, que, de outra forma, talvez não sobrevivesse."
Madonna, “Oprah” em 2006


Por outro lado, me resta a postura humana deste ato de adoção. David, a criança adotada, vivia em um orfanato no Malauí junto a outras crianças, inclusive crianças com o vírus da AIDS. Sua expectativa de vida era mínima. Assim como Madonna, David era órfão por parte de mãe. Uma perda compartilhada por eles, e por todas aquelas crianças. Pequenos seres humanos que irão crescer sem saber o real sentimento que existe na relação afetiva entre mãe e filho. A adoção dá à criança a oportunidade de ter uma família, apoio e carinho. E mais: no caso de David, lhe dá a chance de viver.

Enfim, afirmações que circulam na mídia são insensatas ao afirmar que o ato de adoção seria mais uma jogada mercadológica. Não faz sentido colocar uma pessoa dividindo o mesmo lar que você e sua família, ter responsabilidades sobre este pequeno ser por puro e simples desejo comercial. Há mais nesta ação, e acredito que somente alguém que viu sua família perder a estrutura, com a perda de uma mãe, pode entender este sentimento.

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